Maior apreensão de drogas e armas do estado foi resultado de ação coordenada pela Polícia Federal com apoio do Peru, mas governador Wilson Lima e secretário Vinícius Almeida se colocam como protagonistas da missão
Manaus (AM) – Na noite do último sábado (1), uma megaoperação de combate ao narcotráfico internacional transformou as águas do rio Solimões em um verdadeiro campo de batalha. Policiais civis e militares de elite do Amazonas enfrentaram, durante aproximadamente 40 minutos, uma troca de tiros intensa contra traficantes armados com fuzis e metralhadoras calibre .50 — armamento capaz de perfurar blindagens e embarcações. O confronto ocorreu durante a interceptação de uma embarcação vinda do Peru carregada com um carregamento milionário de drogas e armamento pesado.
A ação foi resultado direto de um trabalho de inteligência da Direção Antidrogas da Polícia Nacional do Peru (DIRANDRO), que solicitou apoio à Polícia Federal do Brasil. Em resposta, a PF coordenou a operação em território brasileiro e acionou as forças de segurança do Amazonas, como a tropa de elite do COE da Polícia Militar e agentes especializados da Polícia Civil, para executar o cerco e garantir o sucesso da abordagem.
A missão culminou na maior apreensão de entorpecentes e armas já registrada no estado, marcando um feito histórico para as forças de segurança. Dois criminosos foram neutralizados no confronto, e os demais fugiram abandonando a carga. A coragem dos policiais em atuar no meio do rio, sob fogo pesado e em situação de alto risco, foi fundamental para o êxito da operação.
No entanto, apesar de não terem liderado a investigação nem coordenado a ação, o governador Wilson Lima e o secretário de Segurança Pública, coronel Vinícius Almeida, passaram a divulgar a operação como um feito de sua gestão. Em coletiva de imprensa e postagens nas redes sociais, a dupla apareceu em destaque, exaltando os resultados como se fossem de total responsabilidade do governo estadual — o que causou revolta entre membros da própria tropa.
Fontes ligadas às corporações relatam que muitos policiais se sentiram usados e apagados, mesmo após arriscarem a vida em uma missão internacional de altíssimo risco. Segundo relatos, nenhum tipo de homenagem, promoção ou reconhecimento individual foi concedido aos agentes, que seguem enfrentando problemas crônicos na segurança pública do estado, como falta de fardamento, salários defasados, estrutura precária e até soldados recebendo como alunos.
“Quem estava sob fogo cruzado não foi o governador, nem o secretário. Fomos nós. Agora eles aparecem como heróis, quando sequer fornecem o básico para a tropa”, relatou um policial que participou da ação e pediu anonimato por medo de represálias.
Além da tentativa de capitalização política, o caso acende mais uma vez o debate sobre a invisibilidade dos profissionais da segurança pública e o uso recorrente das operações como vitrine eleitoral. Com a aproximação do cenário político de 2026, a postura do governo estadual tem sido vista como estratégica e oportunista, tentando transformar o sangue, o suor e o risco enfrentado pelos agentes em palanque para garantir apoio popular.
✅ Conclusão
A operação foi, sem dúvidas, um marco no combate ao tráfico na região Norte e merece reconhecimento pelas vidas salvas e pelo impacto contra o crime organizado. Mas o crédito precisa ser dado a quem realmente foi à linha de frente. A bravura dos policiais civis e militares do Amazonas, junto à articulação internacional da Polícia Federal e da polícia peruana, foi o que garantiu o sucesso da ação. Usar isso como peça de campanha, sem valorizar quem executou, é mais um retrato da política que rouba o mérito de quem realmente protege o povo.
🚨 OUÇAM: Tiros de guerra no meio do rio assustam moradores durante confronto entre traficantes e policiais em Manacapuru pic.twitter.com/ZqixAG2gAL
— Portal Ponta Negra Manaus (@pontanegraAM) June 3, 2025