Brasil entra na mira de tarifas americanas, mas escapa das maiores

Por Redação Ponta Negra Manaus

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu o protecionismo comercial em escala global ao anunciar uma nova rodada de tarifas sobre produtos importados. A medida, descrita por ele como uma “declaração de independência econômica”, já está provocando impactos significativos nas economias globais, com bolsas da Ásia e Europa em queda.

As tarifas, que entram em vigor a partir de 5 de abril, impõem um mínimo de 10% sobre todas as importações americanas. Países considerados “hostis” em termos comerciais sofrerão sobretaxas ainda mais altas: a China terá 34% de aumento (além dos 20% já aplicados anteriormente), a União Europeia enfrentará 20% adicionais, enquanto Japão, Índia, Suíça e Vietnã terão tarifas de até 46%.

No caso da América Latina, o Brasil e outros países da região foram incluídos com a tarifa mínima de 10%, com exceção da Nicarágua, que será taxada em 18%.

Mercados reagem com temor

Logo após o anúncio, as bolsas asiáticas e europeias reagiram negativamente. Tóquio caiu quase 3%, Frankfurt recuou 2,45%, Paris teve queda de 2,15% e Londres caiu 1,44%. Especialistas temem um efeito dominó em escala global, caso os países afetados comecem a aplicar medidas de retaliação.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou as tarifas como um “duro golpe à economia mundial” e defendeu diálogo, mas reforçou que a Europa está pronta para reagir. A França, por exemplo, cogita taxar serviços digitais como forma de resposta.

Já a China prometeu medidas de retaliação para proteger seus interesses, enquanto o Japão denunciou uma possível violação das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Brasil entra na lista, mas escapa das maiores tarifas

O Brasil foi incluído na lista das novas tarifas, mas escapou das mais pesadas, enfrentando a alíquota básica de 10%. Ainda assim, especialistas acreditam que setores de exportação brasileiros, como o agronegócio, poderão sentir os reflexos indiretos do desaquecimento do comércio global.

Isenção a vizinhos e foco em “repatriação industrial”

Curiosamente, México e Canadá – parceiros comerciais no T-MEC (Tratado México-EUA-Canadá) – não foram incluídos nas novas tarifas. Eles permanecem sob um regime tarifário anterior, relacionado a medidas de segurança e controle de imigração.

Donald Trump defende que as tarifas são uma ferramenta eficaz para reindustrializar o país e equilibrar a balança comercial americana. “Quer evitar as tarifas? Instale sua fábrica nos Estados Unidos”, provocou o presidente.

Incerteza à frente

A nova postura dos EUA pode gerar uma reação em cadeia, levando o mundo a um novo ciclo de guerra comercial. O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, alertou para os riscos de escalada e recomendou cautela aos parceiros comerciais.

Enquanto isso, investidores e economias ao redor do planeta observam com preocupação os desdobramentos dessa política que, segundo o economista Maurice Obstfeld, “é uma declaração de guerra contra a economia mundial”.

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