🔍 Análise Política: Entre o Fenômeno Salazar e a Rejeição Popular a Maria do Carmo

Manaus – Nos bastidores da política amazonense, cientistas políticos e analistas começam a observar com atenção um cenário que, para muitos, já não pode mais ser ignorado: o fenômeno popular que está se formando em torno de Sargento Salazar. O vereador, que surgiu das fileiras da PM e ganhou notoriedade por sua atuação contundente na Câmara Municipal de Manaus, tem conquistado um espaço sólido nas redes sociais e, principalmente, no imaginário popular — algo que não se compra com fundo eleitoral, nem se negocia em gabinetes refrigerados.

Muito antes de ser vereador, Salazar já era uma figura influente na internet. Hoje, alcança milhões de pessoas em suas redes sociais, e sua audiência vai muito além da capital. Em diversas publicações, é possível ver comentários de moradores de municípios do interior do Amazonas declarando apoio, gratidão e entusiasmo com sua forma direta, bem-humorada e combativa de fiscalizar e cobrar autoridades. É a base popular que se reconhece e se vê representada em sua atuação.

Enquanto isso, do outro lado da disputa, Maria do Carmo — reitora da FAMETRO e agora oficialmente pré-candidata ao governo do Estado do Amazonas — enfrenta um desgaste crescente. Apesar do suporte financeiro e político garantido pelo Partido Liberal (PL) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, sua imagem não cola nas camadas populares. A tentativa de se mostrar “do povo” soa forçada e descolada da realidade vivida nas periferias da capital e nas comunidades do interior. Com trejeitos de dondoca e um discurso desconectado da vivência cotidiana da maioria, Maria parece cada vez mais distante da linguagem e das dores do povo amazonense.

A rejeição não se limita à esfera eleitoral. Internamente, a própria comunidade acadêmica da FAMETRO — instituição que ela comanda — tem demonstrado insatisfação com sua gestão e com a candidatura. O esperado afastamento da reitoria para se dedicar integralmente à pré-campanha não ocorreu, o que intensifica as críticas de que ela não está preparada para enfrentar uma disputa majoritária de alta intensidade e rápida movimentação. Com pouco tempo e sem identidade popular, Maria do Carmo patina.

Salazar, por outro lado, segue a lógica oposta. Seu crescimento é orgânico, impulsionado por vídeos virais, falas sinceras e uma base que cresce silenciosa, mas intensamente. Há quem diga que ele está se tornando o “novo fenômeno de 2018”, quando Wilson Lima — subestimado pelas elites políticas e pela imprensa — emergiu do nada e atropelou favoritos como Amazonino Mendes. A história mostra que, quando o povo quer, o povo elege.

Ignorar esse movimento seria um erro estratégico. A eleição no Amazonas tem contornos que extrapolam a lógica financeira e partidária. O eleitor está atento, cansado de perfis fabricados em estúdios publicitários. O sucesso de Salazar nas redes e nas ruas mostra que a política tradicional precisa se reinventar — e rápido. Do contrário, o tsunami digital e popular pode, mais uma vez, surpreender as urnas.

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